Os desafios, rumos e perspectivas da Medicina Veterinária e da Zootecnia no cenário pós-pandemia foram discutidos por profissionais renomados das duas áreas no Webinar a Medicina Veterinária e a Zootecnia Pós-Pandemia. O evento reuniu mais de 400 participantes, de forma virtual e gratuita, nos dias 28,29 e 30 de julho de 2020.

O Seminário sobre a medicina veterinária pós-pandemia, abordou os temas: a história das pandemias e os reflexos na Saúde Única (Humana, Animal e Ambiental), os novos protocolos em vigilância e controle das zoonoses para a saúde pública; as mudanças na prática da clínica médico-veterinária e as tendências de comportamento no mercado pet, além da responsabilidade com a inocuidade dos produtos de origem animal para a garantia da segurança dos alimentos à população mundial, nestes tempos de pandemia.

Para Valéria Teixeira, médica-veterinária, presidente da Associação Paranaense de Medicina de Animais Selvagens e palestrante do webinar, o futuro é dos profissionais de Saúde Única nas mais diversas especialidades. A profissional ressaltou que os desastres naturais ocorrem em função da intervenção desmedida do homem no ecossistema do planeta e sem uma mudança de hábitos, a humanidade pode enfrentar outras pandemias. “Pessoas estressadas e sem equilíbrio nos deixam vulneráveis a doenças já conhecidas”, afirmou.

A medica-veterinária destacou ainda que a humanidade já passou por períodos de quarentena, nos quais grandes cientistas e artistas produziram obras importantes e alertou que a pandemia do novo coronavírus não é a única que a humanidade enfrenta nesse momento. “Não é só a Covid-19 que preocupa. Enfrentamos atualmente uma pandemia de HIV que dura 40 anos e de cólera há mais de 60”.

Há 20 anos trabalhando com gestão técnica em empresas do mercado pet, o médico-veterinário Sérgio Lobato apontou a adaptação como principal medida de comportamento para profissionais e empresários. “Não se pode ser refratário ao conceito de biossegurança na medicina veterinária. É preciso criar protocolos de segurança para os procedimentos nas suas instalações e oferecer isso como um diferencial”, finalizou.

A essencialidade do médico-veterinário ficou evidente nos dois dias de discussão sobre o futuro da profissão. “O Brasil é destaque internacional na exportação de produtos de origem animal e agropecuários como um todo. Nós médicos-veterinários temos que atuar na linha de frente, porque só nós somos capazes de prevenir que doenças animais passem da etapa de produção e possam chegar no alimento na mesa do consumidor”. A afirmação é da médica-veterinária Ana Lúcia Viana, diretora do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que durante sua apresentação sobre a inocuidade de produtos de origem animal, destacou a atuação do Mapa frente ao cenário de pandemia.

“Elencamos como prioritárias a inspeção ante e post mortem e a certificação sanitária dos produtos. Também foram mantidas as medidas preventivas como vacinação contra doenças de impacto significativo na saúde pública ou na economia”, afirmou.

As discussões sobre o futuro da Medicina Veterinária no webinar foram encerradas com a participação de Nélio Morais, coordenador de Vigilância em Saúde da Secretaria da Saúde de Fortaleza-CE e presidente da Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária do CFMV. Ao destacar o papel do médico-veterinário na saúde pública, Nélio ressaltou: “Estamos diante de um cenário típico de zoonose que remete ao médico-veterinário a importância de estar presente e atuante nesse processo, buscando inovações para marcar a presença estratégica fundamental dentro da saúde pública mundial”.

Para o futuro, ele acredita que se deve “investir em pesquisa e ciência para trazer respostas e transformá-las em ações de campo efetivas para garantir a segurança dos animais e seres humanos”. Além de utilizar as mídias disponíveis para se comunicar de modo claro e efetivo com a população.

Zootecnia

“O cenário atual da produção animal se mantém estável e não foi tão prejudicado pela pandemia da covid-19”. Quem afirma é o zootecnista Antônio Chacker. Entretanto, apesar do cenário ainda positivo, assegura que o profissional deve ter uma motivação intrínseca para produzir e destaca as habilidades que os zootecnias deverão ter daqui para frente. “Capacidade técnica não é o suficiente para o cenário de transformação, pois cada área tem exigências específicas. Mas habilidades como liderança, colaboração e criatividade serão mais relevantes daqui pra frente, incluindo a capacidade de ensinar o outro. Nós, zootecnistas, merecemos o título de profissionais que transformam o cenário agropecuário”, assegura.

Outro alerta aos profissionais foi feito pelo Zootecnista Pedro Veiga. Segundo Veiga, é necessário que os profissionais saiam da zona de conforto para buscar o bem comum nesse cenário crítico mundial, que é produzir alimento e gerar renda para o Brasil. “É necessário que haja um investimento em nutrição para se ter mais bezerros e, posteriormente, maior lucratividade. Ao falar de nutrição, me refiro a suplementação e produção de pasto, o que envolve diretamente a participação do Zootecnista. Ou seja, o que irá sustentar a pecuária pós pandemia é uma pecuária bem produtiva e intensificada”.

O Webinar a Medicina Veterinária e a Zootecnia Pós-Pandemia foi realizado por iniciativa dos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária dos Estados da Bahia (CRMV-BA), do Ceará (CRMV-CE), de Minas Gerais (CRMV-MG), do Pará (CRMV-PA), do Paraná (CRMV-PR), do Rio de Janeiro (CRMV-RJ) e do Rio Grande do Norte (CRMV-RN).

 

A íntegra das palestras está disponível no canal do CRMV-BA no Youtube.

Webinar A Medicina Veterinária Pós-Pandemia – Dia 1

Webinar A Medicina Veterinária Pós-Pandemia – Dia 2

 

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