*Nádia Rossi de Almeida

O médico-veterinário é um profissional de Saúde Única, responsável pela saúde animal, humana e ambiental. Publicações científicas sobre o novo coronavírus (Sars-Cov-2) causador da COVID-19 têm evidenciado uma origem animal. Estudos de sequências genéticas do Sars-Cov-2 são semelhantes às encontradas em coronavírus específicos de morcegos, o que nos leva a crer que a origem viral seja desta espécie. Não se sabe ao certo o envolvimento de um hospedeiro intermediário no ciclo de transmissão, mas sabe-se que a transmissão entre os humanos foi iniciada em um mercado de mariscos e animais silvestres em Wuhan, província de Hubei (China) em dezembro de 2019.
Em fevereiro de 2020, o departamento de agricultura, pesca e conservação de Hong Kong emitiu nota sobre um exame “fraco positivo” para o Sars-Cov-2 em um cão saudável cuja tutora estava infectada pelo mesmo vírus. Uma polêmica foi gerada e muitos cães e gatos foram abandonados ou mortos na China. Coube aos médicos-veterinários esclarecerem este único caso. Cães e gatos podem se infectar com coronavírus específicos para suas espécies, como o coronavírus canino, que pode causar diarreia aguda ou sinais clínicos respiratórios, e o coronavírus intestinal felino e o vírus da peritonite infecciosa felina. O primeiro menos nocivo à saúde do gato e o segundo cursando, geralmente, com morte do felino. O fato do Sars-Cov-2 ter sido encontrado em amostra oral e nasal do cão de Hong Kong não significa que o mesmo seja fonte de infecção para os demais animais, nem mesmo ao homem. Desta forma, o papel dos médicos-veterinários é de esclarecer que não existe nenhuma comprovação científica de que os pets (cães e gatos) possam ser transmissores do novo coronavírus.
O município de Salvador, através da Secretaria de Saúde do Município implantou um Centro de Operações de Emergência de fundamental importância para o monitoramento dos casos na cidade. Profissionais de diferentes áreas, entre eles médicos-veterinários, atuam na atenção básica de saúde em um trabalho de investigação e abastecimento de banco de dados do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS). Estas ações serão fundamentais para controlarmos o avanço da COVID-19 não somente no município, mas em todo o Brasil.
As ações educativas de prevenção e controle da COVID-19 contam com equipes de Saúde Única. Lavar as mãos com água e sabão, cobrir a boca e nariz ao espirrar ou tossir e usar álcool 70% nas mãos, quando necessário, são ações básicas essenciais para o controle da disseminação viral. Autoridades veterinárias estão atentas à qualquer possibilidade de envolvimento de espécies animais no ciclo de transmissão e o Código de Saúde Animal Terrestre da Organização Internacional das Epizootias (OIE) recomenda a notificação de caso confirmado de COVID-19 em animais.

*Médica-veterinária, PhD
Membro da Comissão Estadual de Ética, Bioética e Bem-estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado da Bahia (CRMV-BA)
Professora Adjunta I – Universidade Federal da Bahia
Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia – Emevz
Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Produção Animal

 

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