Recém-mãe, a  2º Tenente Clarissa, administra as novas rotinas trazidas por um bebê à sua vida.  Com “organização militar”  conseguiu reservar um tempo para se dedicar à essa série especial do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado da Bahia (CRMV/BA) em homenagem ao Dia da Medicina Veterinária Militar, comemorado no último dia 17 de junho.

Em 2017 a médica-veterinária recebeu uma comunicação esperada: o Ministério da Defesa, pelo comando da 6ª Região militar, também conhecida como Região Marechal Cantuária, a convocava para se apresentar nos primeiros dias daquele ano na Base Aérea de Salvador, no bairro de São Cristóvão.   

Estava prestes a realizar o sonho de uma vida: servir ao país trabalhando com animais.

Graduada pela União Metropolitana de Educação e Cultura (Unime), em Lauro de Freitas, há 09 anos, a oficial possui mestrado em Ciência Animal nos Trópicos pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), programa de Pós-Graduação  que forma docentes e pesquisadores nas áreas de Clínica e Cirurgia,  Doenças Infecciosas e Parasitárias, entre outros campos de conhecimento.  A linha de pesquisa escolhida pela militar foi doenças infecciosas.

Estudar Medicina  Veterinária foi um caminho natural, “sempre fui movida pelo amor aos animais”, conta. “Desde criança dizia que seria veterinária”, reitera a oficial.  Para ela,  “a Medicina Veterinária é uma profissão dotada de grande complexidade e vertentes. Me alegra poder ter contato íntimo com animais, podendo levar-lhes bem estar, saúde, alívio e qualidade de vida, embora essa seja uma pequena parte do que fazemos de fato”.

Hierarquia e disciplina

Os médicos-veterinários que entram como oficiais temporários do serviço militar voluntário, podem servir na Força Aérea por até oito anos seguidos.

Caso  houvesse a possibilidade de permanecer até ir para a reserva, a médica-veterinária dá mostras que consideraria essa opção.  Como os Oficiais temporários não são movidos, Salvador é o único local onde vai servir nesta etapa da vida.

Se desejar, o médico-veterinário pode seguir participando de concursos e seleções para a mesma força ou para  outras  diferentes daquelas onde serviram.  Geralmente, ter sido militar temporário não ter qualquer restrição para se inscrever e tampouco representa vantagem em frente aos demais concorrentes. O limite de idade varia por cada Força, tipo de seleção (de carreira ou temporário) e edital.

Segundo informações do Ministério da Defesa, pelo Comando da Aeronáutica, há hoje 25 veterinários do Quadro de Oficiais Convocados (QOCON). A seleção destes profissionais é feita através do aviso de convocação e os militares podem alcançar o posto de 1º Tenente.

Os referidos militares desenvolvem suas atividades em unidades da Força Aérea Brasileira (FAB) instaladas nos estados do Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Distrito Federal, informa o Ministério.

Fascinada pelas histórias que ouvia do pai, que não é militar, mas também serviu na mesma Base Aérea quando jovem, Clarissa Lopes detalha sobre a experiência paterna “ele é grato e se orgulha do período em que serviu, tendo levado preceitos da caserna para sua vida civil. Ouvir ele falar, com orgulho, dessa época também influenciou a minha admiração pela carreira militar”.

Sem esconder  que é antiga a  admiração que sente  pelas Forças de Segurança, ela declara que sempre se identificou  com os pilares militares de hierarquia e disciplina. E fã de animais,  prestava muita atenção na utilização de cães de trabalho.

Ar livre

Exercendo funções de oficial e médica-veterinária, Clarissa Lopes responde pela  parte administrativa do funcionamento do canil da Base Aérea, como aquisição de materiais.

Para cuidar dos animais das  raças Pastor Alemão e Rottweiler, ela presta  serviços de clínica, balanceamento nutricional e acompanhamento veterinário constante:  “mantenho os cães saudáveis para que possam cumprir suas funções, dessa forma, organizo e acompanho o treinamento físico dos mesmos, faço avaliação física de todos eles diariamente, acompanho o adestramento diário, busco manter o efetivo motivado.  Tenho um sargento e seis soldados diretamente subordinados a mim”, relata. 

Outra preocupação é manter contato com os responsáveis por canis de outras forças como Exército, Polícia Militar, Polícia Civil, para atualização e troca de experiências.

Avaliando todas as demandas, Clarissa expõe um saldo positivo:  “apesar da rotina administrativa e do alto número de atribuições, poder estar em contato diário com os cães em atividades ao ar livre é muito gratificante”, conclui.


Fotos: Álbum pessoal

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